quarta-feira, 15 de junho de 2011

Fim do Primeiro Percurso...

Construir Transmetrópolis não foi fácil. Aliás, acho eu, fazer teatro em todo canto deste mundo não é uma tarefa das mais simples. Para uma Cia em sua primeira montagem o trabalho é arduo mesmo. Para estrear em Junho de 2011 Transmetrópolis começou a ser arquitetada ano passado. De lá pra cá, muitas dúvidas... Será que esse era o texto certo? Será que um texto que não se sabia direito o que era, já que não se enquadra em um só gênero, era o certo para a estréia da Cia? Quando sabiam que o texto era protagonizado por uma travesti, logo perguntavam... É comédia, não é? Logo vinha a preocupação, como fazer da figura da travesti algo que não ligase Shirley ao escracho?... Por isso as tantas versões do texto, das falas de Shirley trabalhadas, reconstruidas, até chegar em um estágio de dizer: Pronto, agora vai!
Hoje sei que não havia outra escolha a não ser Shirley. Ela fala a verdade, briga pelos seus idéais, nao se faz de vítima, xinga, ameaça, defende, ama... Ela passou todos os personagens que estavam na minha cabeça para trás e se fez de dona da história. Sou eu quem vai ser a primeira da fila! E foi. Hoje, Shirley leva a SOUDESSA de frente e seu bordão começa a ser divulgado pouco a pouco entre os espectadores que prestigiaram Transmetrópolis. Do texto ao espetáculo muitas referencias minhas. Muitos textos que li na universidade e que agora viraram falas de personagens. Além disso, colocar Steve Biko na boca de uma trava e ver Valécio dos Santos - como Shirley - recitando uma das partes de Escrevo o Que Quero no palco foi todos os dias motivo de intensa felicidade para mim.
Tenho muitos agradecimentos a fazer: Ao elenco desta primeira temporada, formado por Valécio Santos, Henrique Bandeira (o Alberto mais cafageste que já vi), Ronei Silva (Momô preocupado, Momô valente!) e Vanessa Cardoso (esforçada, disciplinada, talento enfim!). Este elenco sempre empenhado, tentando se reformular as exigencias minhas. Continuo hoje vendo nos olhos de vocês tudo que via antes sem tirar nem por... O brilho, o entusiasmo, a avalanche de idéias, o companherismo. Obrigado, amo vocês.
Obrigado também ao produtor Marcio Bacelar, empenhado sempre, muito bom ter você como companheiro de trabalho. Grande produtor da cena baiana, conhece todo mundo, é amado por muita gente. Trabalhador de primeira. Ao iluminador Atenilson Santos que chegou aos 45 do segundo tempo e contribuiu com sua calma, além de um telaneto forte na luz do espetáculo. A Chico e (dona!) Cleide do Solar Boa Vista. Muito obrigado por tudo, até pelos puxões de orelha na hora que fazia coisas erradas... Genilson Coutinho e suas lindas fotos, Sidney Rocharte e sua linda arte e os cartazes fenomenais. Cid Brito e Marcelo Moura maravilhosos com os figurinos de Moises e Bartolomeu.
Uma parágrafo especial para Valécio Santos que vestiu Shirley de corpo e alma, em todos os aspectos. Profissional de qualidade impar, Valécio veio quebrando tabus, trabalahndo os próprios conceitos, se reformulando, quebrando seu ego pouco a pouco para deixar a simples e forte travesti suburbuana tomar conta de seu corpo. Lindo trabalho.
Também agradeço a Edvaldo Junior, antiga Shirley, antigo SOUDESSA, novamente SOUDESSA. Um amigo estupendo, um profissinonal de primeiro time. Também a Leandro Inácio com idéias surgindo a cada minuto.
E principalmente ao público que foi prestigiar Transmetrópolis. Tanto no Solar Boa Vista em Brotas quanto no Teatro Plataforma. MUITO OBRIGADO POR TUDO! Aplausos, críticas, risadas, gargalhadas, gente que já viu mais de uma vez em tão pouco tempo de espetáculo. OBRIGADO!!!!
Agora vem a segunda temporada, com a peça reformulada e melhorada. Vida longa a Transmetrópolis!


Por Filipe Harpo.